quarta-feira, dezembro 13, 2006



Reafirmação do trauma


Quando eu tinha entre 9 e 10 anos participei de uma oficina de origami na escola. Como qualquer criança, estava superanimada para aprender as dobraduras orientais. Crianças reunidas, papéis distribuídos, começa a oficina. Quando recebi meu papel fiquei muito feliz por que era cor-de-rosa (amava essa cor quando criança, ainda gosto, mas nem tanto).
A professora começou a falar dobre aqui, abra ali e o objetivo final era fazer um pingüim. O pior que podia acontecer para uma criança, ou pelo menos para mim era não conseguir fazer o tal bichinho. Acabada a aula de dobre aqui-abra ali, todas as crianças tinham terminado seus pingüins e ansiavam em mostrar para os pais o feito realizado. Ao contrário das outras crianças, meu pingüim ficou capenga, não parava em pé, e ao invés de levá-lo aos olhos orgulhosos de minha mãe, que não iria se importar se o origami ficava em pé ou não, levei o pingüim à lata do lixo. Desde esse dia, desisti da dobradura.
Dez anos se passaram e hoje me vi diante da mesma situação. No meu trabalho, as pessoas estão entusiasmadas com a manufatura de tsurus, o tal do passarinho da sorte. Alguns já sabiam fazer, outros não. Durante o intervalo de hoje, houve uma sessão "como aprender a fazer tsurus". Os estagiários a postos com seus papéis nas mãos para dobrar e abrir e eu em silêncio. Até que ouço: -Luana, você não quer aprender a fazer tisuru? Respondo: - Não levo muito jeito não. Após uma rápida insistência, cedo ao espírito corporativo e me ponho a tentar fazer o passarinho. Preste atenção no tentar. Pois bem, após a terceira ou quarta dobradura, vi que já havia feito coisa errada. Coloquei a culpa no papel que estava mal cortado, tentei de todo jeito fazer o tal bichinho, até que a mesma cena se repete. Todas as crianças, ou melhor, todos os estagiários haviam feito seus tsurus e estavam orgulhosos, eu?...que tsuru que nada, fiz um sei lá o que era aquilo. Só reafirmei meu trauma. Dobradura pra mim, só se for barquinho que é bem brasileiro, nada de dobraduras do oriente
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mixordiado por Pequena Oti às quarta-feira, dezembro 13, 2006


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.::Mixórdia: a quarta dimensão::.


Mixórdia - s.f. (sXVII cf. AGC) 1 mistura confusa de coisas variadas; mistifório, confusão, bagunça, barafunda 2 situação ou fato atrapalhado e conflituoso; embrulhada, desentendimento, atrapalhação

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